O médico confirmou a sua renúncia e admitiu que desde a última segunda-feira não responde mais pela Sesa
Carlile Lavor revelou que decidiu renunciar devido às dificuldades de coordenar a gerência da Sesa. O gestor reforçou o momento de crise por qual passa o Ceará, e admitiu estar ajudando na escolha do seu sucessor
Afastado da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) desde a última segunda-feira (4), quando renunciou ao cargo de gestor da Pasta, Carlile Lavor confirmou sua decisão, conforme já havia anunciado o Diário do Nordeste, na edição do dia 5 de maio, e em entrevista, neste sábado (9), admitiu que, não só "chegou ao seu limite", mas que "a crise (na Saúde) existe há 10 anos, e hoje está agravada por alguns fatores".
A dificuldade de coordenar a equipe que gerencia a Sesa motivou a renúncia do médico Carlile Lavor. Após quatro meses à frente da Pasta, ele toma pra si a "incapacidade de coordenação dos profissionais que integram o órgão". O médico, que pela segunda vez ocupou o cargo de secretário de Saúde no Estado, atua agora junto ao governador Camilo Santana na definição do sucessor na Sesa.
Na manhã de sábado, embora tenha preferido não falar da saída de Carlile, Camilo Santana reconheceu que está trabalhando na escolha do novo secretário. "Todas as minhas ligações são técnicas", reforçou o governador, ao falar sobre os critérios que serão adotados na escolha do novo gestor da Saúde. Ele adiantou que está contratando uma consultoria externa para fazer a avaliação do modelo de Saúde adotado no Ceará.
Pacientes internados em corredores de hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPA's) superlotadas e realizando internações - prerrogativas que não são das UPA's - carência de insumos para a realização de cirurgias e atendimentos e déficits de leitos de UTI são apenas alguns dos problemas que evidenciam a situação caótica da saúde pública cearense, que Carlile admite "ter tido ciência antes de aceitar o cargo e que devem continuar após sua saída até que as medidas sejam tomadas". "A Saúde tem vários problemas e é essencial que haja uma coordenação muito tranquila para levar adiante as ações. Como os pensamentos na Secretaria são muito diferentes, isso criou muita dificuldade", explica Carlile.
SUS
Segundo ele, o Sistema Único de Saúde (SUS) teve êxito em seus 10 primeiros anos de implantação (1988 - 1998), mas depois disso começou a padecer ao "não acompanhar a evolução das demandas". No Ceará, agravantes como as epidemias de dengue e sarampo potencializam a situação neste período do ano, conforme o médico.
Carlile garante que a redução do orçamento do Ministério da Saúde, neste ano, - tema sobre o qual ele não entrou em detalhes - dificultou as possibilidades dos governos estaduais, mas ainda assim enfatiza que suas limitações frente à Secretaria no Ceará estão muito mais relacionadas à gestão de pessoas do que a cortes de investimentos. "Foram mais problemas técnicos que políticos. Já sabia dos problemas quando assumi. Não consegui fazer com que a equipe trabalhasse de forma coesa", reforça.
Outra dificuldade apontada pelo gestor é ter sido chamado para compor a equipe de governo somente três dias antes de assumir. "Isso realmente atrapalhou. Normalmente trabalha-se com mais tempo. E nós demoramos a montar a equipe e os problemas foram se acumulando".
Questionado se houve restrições por parte do governador aos nomes apontados por ele para compor a equipe ou a profissionais vindo de outros estados também solicitados pelo médico, Carlile garante que não houve limitações do tipo. Conforme o médico, alguns servidores federais estão sendo cedidos para atuarem no Ceará, mas devido à burocracia, este processo tem demandado tempo. Um profissional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um servidor da Previdência do Amapá e outro do próprio Ministério da Saúde deverão, em breve, compor a equipe.
NOVO SECRETÁRIO
Carlile ajuda na missão de escolher o sucessor. "Tenho maior interesse de colaborar para que o novo secretário não encontre mais os problemas que eu encontrei". Conforme Carlile, a definição deverá ocorrer nesta semana e pelos indicativos o novo nome "será de alguém que já conhece a equipe". Para ele, seu sucessor encontrará um governo "melhor estabelecido e com alguns setores mais ajustados como a segurança pública, o que deverá resultar em maior atenção às políticas da saúde". Diante dos gargalos, Carlile garante que ao novo secretário e à equipe caberá dialogar com o Município para recuperar os postos de saúde e potencializar os hospitais secundários da Capital como Frotinhas e Gonzaguinhas para que as situações extremas, que recaem nos hospitais terciários do Estado, não continuem ocorrendo. "Assim que entrei fiz uma visita aos hospitais do Interior e apontamos o que deveria ser feito. Mas, tive dificuldade de coordenar essas ações", ressaltou.
Thatiany Nascimento
Repórter
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