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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Fim de venda de milho subsidiado prejudica agricultores cearenses

Portaria que liberava venda do grão expirou no fim de 2014.
Armazéns da CONAB estão vazios em vários pontos do estado.

A seca deixa mais de 90 municípios do Ceará em emergência. É praticamente a metade do estado, Mas esse ano, os agricultores não contam com o milho vendido pela CONAB por valores abaixo do mercado. Essa ajuda está fazendo falta nas propriedades.

O agricultor Antônio dos Santos plantou quase sete mil pés de milho em Canindé, no sertão central cearense. Ele esperava colher oito sacas do produto. Mas, com a seca, perdeu quase tudo. O pouco que colheu o agricultor vai usar para a ração das galinhas.

“A chuva veio e foi muito pouca. Aí o resultado é esse que o legume ficou dessa forma. Daí foi perda total”, diz Santos.

Os agricultores esperavam receber o milho subsidiado pela CONAB para enfrentar a estiagem. Mas o armazém da companhia de abastecimento que atende Canindé e outros sete municípios está fechado. A última carga, de mil toneladas, chegou em fevereiro e logo acabou.

“E até então o que nós sabemos que não iremos mais receber o milho da CONAB”, explica José Airton Lima, secretário de agricultura de Canindé.

O galpão da CONAB também está vazio em Santa Quitéria, na região norte do estado. A agricultora Maria da Penha de Oliveira teve que comprar o milho no mercado. Ela pagou o dobro em relação ao ano passado, quando adquiriu o produto com subsídio.

“A gente veio ver como eram as condições da CONAB, se ela ia voltar a funcionar, se vai voltar esse milho pra gente, por que é uma ajuda muito grande pra gente. O valor de dois sacos que nós comprava aqui, nós estamos comprando um hoje no mercado”, diz Maria da Penha.

O agricultor Evandro Lopes, que é produtor de leite, comprava a saca de milho por R$ 33. Hoje, ele está pagando R$ 47 no mercado local. A ração dada ao gado diminuiu, o que levou à queda na produção de leite. Há dois meses, ele não faz queijo. O preço do leite foi mantido, mas o produtor não sabe até quando.

O problema é que a portaria que liberava a venda do milho subsidiado pela CONAB expirou no fim de 2014. Este ano, a companhia está vendendo o milho a preço de mercado.

Hoje, o galpão em Maracanaú, que atende a 36 municípios do Ceará, ainda tem mais de sete mil sacas de milho. Foi o que restou da última carga do ano passado. O preço da saca é definido em Brasília. O valor é atualizado a cada 15 dias. Mas, a cotação desta segunda quinzena ainda não foi divulgada. Até a semana passada, a saca de milho era vendida a R$ 35,76.

Em Brasília, a ministra da Agricultura Kátia Abreu comentou a situação. “Nesse ainda não tem acordo sobre isso”, diz.

No fim de 2014, a saca de milho subsidiada sai por R$ 23.

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